Conheça a história da Milan Leilões (Parte I)

(1984-2000)

A história da Milan Leilões começou no final do ano de 1984, quando Ronaldo Milan teve o primeiro contato com o universo dos leilões. Ele precisava vender 12 Kombis dos hotéis do estado, como o orçamento era muito maior do que a verba que ele dispunha, ele as levou em uma oficina na Barra Funda, próximo ao local em que trabalhava.

Na oficina, Ronaldo se deparou com uma situação que lhe chamou bastante a atenção. O dono da oficina, José Carneiro, estava recebendo dois veículos vindos de um leilão.

A partir daí, a conversa se desenrolou e Carneiro comentou que costumava frequentar leilões para compra e revenda de automóveis. Ronaldo pediu que levasse ele para conhecer esse ambiente, e assim na mesma semana, eles foram a um leilão de veículos bem modesto, que ficava embaixo de uma garagem, na Zona Leste de São Paulo.

O incentivo indireto do Sr. Carneiro motivou Ronaldo a repensar seu futuro. Já desejava deixar o serviço público em 1984 e também não pretendia seguir com a carreira política. 

Seus olhos estavam voltados para novos horizontes, ser leiloeiro.

Ser leiloeiro

Ronaldo Milan/Foto: Vandressa Veline

Quando Carneiro indagou a Ronaldo o que ele havia achado do leilão, ele afirmou ter encontrado ali um propósito para seguir a carreira de leiloeiro.

Coincidentemente, naquela semana estava aberto o concurso na Junta Comercial do Estado, com 14 vagas de leiloeiro. Ronaldo se habilitou no concurso, e em janeiro de 1985 foi nomeado.

Como prometido, José Carneiro havia dito que se Ronaldo virasse leiloeiro, ele largaria a oficina e iria trabalhar com ele, e assim aconteceu. 

Hoje, José Carneiro é o Gerente Geral da Milan Leilões.

José Carneiro e Ronaldo Milan/Foto: Vandressa Veline

A partir desse momento, Ronaldo começou a frequentar todo tipo de leilão, ele abria o jornal no domingo e selecionava todos os leilões que ia visitar na semana, desde leilão de arte até leilão de cavalos.  

“Eu passei uns 90 dias andando em todos os leilões que você pode imaginar. De todo tipo, aprendendo, olhando, perguntando, vendo o leiloeiro apregoar e tentando entender um pouco da profissão. Bom, eu fui pegando um pouco do jeito.”

relembra Milan.

O primeiro leilão

Paulatinamente, as coisas foram acontecendo e surgiram bens para o Ronaldo leiloar. No primeiro leilão, 8 casas em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, ficaram disponíveis para os lances, a pedido de um colega de escola que era diretor da Comercial, uma corretora de valores da época. 

Ronaldo animou-se. Alugou um auditório pequeno, anunciou e organizou todo o leilão.

Não apareceu ninguém. 

Naquele momento, ele percebeu que arte de leiloar ia muito além de um título. 

“Eu aprendi logo de saída que não era assim, né?! Não era só anunciar que as coisas iam acontecer. A mercadoria tinha que estar bem exposta, às vezes tinha que fazer uma avaliação correta, a avaliação provavelmente estava errada, também não divulguei como deveria ter divulgado. Também não tinha tradição, o leiloeiro precisa ter tradição para as pessoas confiarem e comprarem com ele. Então eu fui aprendendo.” 

Acima de tudo, Ronaldo não sabia ainda, mas naquele momento tinha aprendido uma grande lição sobre o leilão, o famoso tripé.

O leilão funciona como um tripé. O primeiro pilar é a transparência, você precisa olhar e enxergar o que você comprará, por isso o bem deve estar bem descrito e apresentado. O segundo pilar é o marketing, no qual deve dar conhecimento às pessoas interessadas de que você está realizando o leilão daquele produto. E o terceiro pilar é a avaliação. Não adianta trazer o público, apresentar o produto e ele estiver com o preço errado.

No mesmo ano, em 1985 surgiram 80 carros de uma concessionária na Vila Prudente, bairro tradicional da cidade de São Paulo, a “Vila Prudente Automóvel”, para o Ronaldo leiloar. Com mais preparo e uma postura diferente, o leilão foi um sucesso, com a venda  de 52 dos 80 carros.

O grande deslanche

Outras oportunidades apareceram, mas pode-se dizer que o grande deslanche para Ronaldo aconteceu em 1986 com a intervenção de dois grandes bancos do Brasil, o Banco Comind e o Banco Auxiliar. 

A partir desse momento, houve uma aproximação com o liquidante do Banco Central, o que proporcionou ao Ronaldo uma contratação e a participação em parte da liquidação. O Banco Bradesco foi um dos primeiros bancos a comprar as agências dessa liquidação, o que resultou em um contato direto desse banco com o Ronaldo.

De um modo geral, naquela época o leilão era algo novo e visto de uma forma negativa pelas pessoas.

“Antigamente as empresas não gostavam de usar o leilão para vender os seus ativos, pois para eles  passava uma ideia de dificuldade.”

conta José Carneiro, Gerente Geral da Milan Leilões. 

Ou seja, o leilão passava uma ideia negativa de que a pessoa que estivesse buscando por ele estava em falência ou dificuldades.

Os bancos e a ferramenta leilão

Com o tempo, a credibilidade do leilão mudou e aos poucos os bancos começaram a acreditar nessa ferramenta. A Milan Leilões organizava os leilões para Banco Econômico da Bahia, Banco Noroeste e Banco Bandeirantes, que paulatinamente foram fundidos ou incorporados por outros bancos. O Banco Noroeste, por exemplo, tornou- se em 1998 o Santander.

Como o Banco Bradesco havia incorporado agências do Banco Comind e do Banco auxiliar, ou seja, isso criou uma proximidade da Milan com o Bradesco. 

Em 1988 a Milan realizou o primeiro leilão de imóveis do Bradesco e implementou o processo que antecede a realização do leilão, como criação de edital, catálogo, descrição do bem e definição do imóvel. No final dos anos 80 comitentes como, Itaú e Safra começaram a implementar a mesma cultura e a usarem a ferramenta leilão.

As empresas e a ferramenta leilão

O mesmo processo aconteceu com as empresas Volkswagen e Ford, que se fundiram em 1987 e formaram a Autolatina. Ronaldo já trabalhava para a Volks, e com a fusão começou a fazer leilão para as duas fabricantes.

Contudo, quando a Autolatina se desfez em 1996, a Milan já havia se consolidado, e assim continuou a trabalhar para ambas as empresas, além da Mercede-Benz e Scania. 

Logo, o processo de fusão e dissolução de bancos fez com que Ronaldo atuasse em mais empresas do segmento financeiro, dando grande visibilidade e dimensão aos leilões, o que possibilitou a entrada da Milan Leilões em diversos segmentos. 

Sendo assim, nos anos 90 outros bancos e empresas foram incorporando o leilão em suas atividades, e o mercado começou a olhar a ferramenta como uma forma de incremento de preço, ganho e transparência.

Somado a isso, empresas públicas como, VASP, SABESP, CMTC, Petrobras, Vale e COSIPA, podiam vender no leilão ao invés de usarem a licitação, o que acarretou na realização de grandes leilões para a Milan Leilões.

Consequentemente, a Milan Leilões destacou-se e cresceu no universo dos leilões, o que acarretou a expansão da sua estrutura de armazenamento para os seus leilões de máquinas, equipamentos, sucatas e veículos.

Isso aconteceu, pois com a crescente adesão dos bancos pelos leilões aumentaram as exigências de espaço para armazenagem dos bens, necessidade de logística e transporte. 

Somado a um novo panorama no mercado, com o advento da internet nos leilões, começou então uma nova era para a empresa, os leilões online. 

Quer saber mais sobre a história da Milan leilões? Fique ligado no próximo artigo!

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